GLOSANDO SAÚL DIAS
JÁ FOSTE RICO E FORTE E SOBERANO
Já foste rico e forte e soberano,
Já deste leis a mundos e nações,
Heróico Portugal, que o gram Camões
Cantou, como o não pôde um ser humano!
Zombando do furor do mar insano,
Os teus nautas, em fracos galeões,
Descobriram longínquas regiões,
Perdidas na amplidão do vasto oceano.
Hoje vejo-te triste e abatido,
E quem sabe se choras, ou então,
Relembras com saudade o tempo ido?
Mas a queda fatal não temas, não.
Porque o teu povo, outrora tão temido,
Ainda tem ardor no coração.
Saúl Dias, in "Dispersos (Primeiros Poemas)"
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DEPOIS DE CADA NOVA PROVAÇÃO
"Já foste rico e forte e soberano,"
Cruzando o mar remoto dos mil medos,
Das ondas, dos abismos, dos rochedos
Que a tantos provocaram tanto dano.
"Zombando do furor do mar insano",
Tentaste ir desvendando os seus segredos
E, conseguiste, embora os mil degredos,
Conhecê-los melhor, ano após ano.
"Hoje vejo-te triste e abatido",
Como se toda a gesta o fosse em vão
E vão te fosse o tanto já cumprido,
"Mas a queda fatal não temas, não"!
Erguer-te-ás mais forte e aguerrido
Depois de cada nova provação!
Maria João Brito de Sousa - 26.03.2017 -18.59h
NOTA - Sául Dias é o pseudónimo literário de Júlio Maria dos Reis Pereira, irmão de José Régio.
O nome que usou enquanto artista plástico foi Julio.