GLOSANDO O POETA MATOS SERRA
QUEM ME DERA, AMOR.
Quem me dera que eu fosse a primavera,
teu campo colorido e sem entraves…
e nele um manso rio de ternas naves,
sempre alegre, e feliz, à tua espera.
Que eu fosse a primavera… quem me dera!...
Ter sempre manhãs limpas e suaves…
com brisas, muitas flores e cantos de aves,
projeção da minh’alma tão sincera!...
Se eu fosse a primavera, meu amor…
em cada dia dar-te a graça de uma flor,
como a papoila, alegre, dos trigais!...
No leito deste rio do meu carinho
atapetava em ‘sp’rança o teu caminho
p’ra não te ver triste nunca mais!...
Matos Serra in, Imaginadas Metamorfoses.
SE EU FOSSE A PRIMAVERA...
"Quem me dera que eu fosse a primavera"
Que amadurece até tornar-se V`rão
E toda fruto e só maturação
De espanto, de razão, de sonho e espera...
"Que eu fosse a primavera... quem me dera!.."
No crescendo do fruto, em suspensão,
Poder manter-me em flor sem mais razão
Do que a da floração, se assim pudera...
"Se eu fosse a primavera, meu amor",
Rasgando sobre a terra um mar de cor
Com estro de escultor cinzelaria
"No leito deste rio do meu carinho",
A cada novo dia, um terno ninho
Sobre o qual, por amor, te deitaria.
Maria João Brito de Sousa - 03.07.2016 - 13.46h