GLOSANDO O POETA CARLOS FRAGATA II
O ESCRIVÃO
Quando as musas me tentam e despertam,
O mar, a noite, a lua, me acompanham,
Juntam-se e são eles que desenham
Os traços dos poemas que me ofertam.
São eles que trabalham e se empenham,
Juntam sílabas, puxam e apertam,
Torcem, emendam, erram e acertam
E das rimas mais pobres não desdenham…
Traduzindo em palavras a beleza,
Limito-me a escrever o que me dão
O amor e os sons da natureza.
Usando como filtro o coração,
Enquanto escrevo, ganho uma certeza:
Mais que poeta, sou mero escrivão!
Carlos Fragata
UMA ESCRIVÃ SEM TEMPO...
"Quando as musas me tentam e despertam",
Há outras mil urgências que a desdenham,
Que as musas são crianças, se se apanham
No meio dos poetas que as completam...
"São eles que trabalham e se empenham,"
Quando elas, inseguras, mal soletram,
Dos versos que os poetas lhes decretam,
Os compassos sonoros que contenham...
"Traduzindo em palavras a beleza",
Não fica um verso só, pois cada irmão
Virá, todo atenção, sentá-lo à mesa
- "Usando como filtro o coração"... -
Em cujo centro brilha, sempre acesa,
A eterna e solitária Inspiração...
Maria João Brito de Sousa - 17.08.2016 - 10.14h