GLOSANDO MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE XLII
HÁ PALAVRAS QUE BAILAM NOS MEUS DEDOS
Há palavras que bailam nos meus dedos
E que zombam de mim, deste cansaço
Fazendo dos meus dedos seus brinquedos
Enquanto eles repousam no regaço
Vão juntinhas contando-lhes segredos
Pra que ao ouvi-los sintam embaraço
E plo papel se percam em enredos
Olvidando a fadiga em que me amasso
E devagar, em esforço cresce o verso
Ora algo indolente ora algo disperso
Troçando dos meus dedos vagarosos
Vai adquirindo forma de poema
Feito com as palavras de algum tema
E os versos, que cresceram rigorosos
MEA
24/02/2017
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O EMBRIÃO
"Há palavras que bailam nos meus dedos"
Seguindo a pulsação das próprias veias,
Compondo, ou recriando os seus folguedos,
Conforme a mente vai moldando ideias.
"Vão juntinhas contando-lhes segredos",
Arrancando e limpando as velhas teias
Que escondem, ou mascaram quantos medos
Possam vergá-las de quebranto, ou peias
"E devagar, em esforço, nasce o verso",
Como se em carne houvesse o próprio berço
E em sangue urdisse a própria concepção.
"Vai adquirindo forma de poema",
Quando a razão brindar cada fonema
Com todas as razões que há na paixão.
Maria João Brito de Sousa - 25.02.2017 - 11.44h
"Mulher Grávida" - Escultura de Pablo Picasso