GLOSANDO MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE XXVIII
OS PESCADORES
Saem para alto mar, os pescadores
Nos barcos levam redes pro pescado.
Esquecem alegrias e até dores
E enfrentam o mar bravo, revoltado
Fazem daquela noite os cobertores.
Pla aurora com o barco carregado
vendo já o horizonte doutras cores
Voltam ao areal tão almejado
Descarregado, o peixe vai pra lota
E de voo rasante uma gaivota
Junta-se à cerimónia num bailado
-Venha cá ver freguês, peixe fresquinho
De boa qualidade. Baratinho!
Chamam quem quer comprar; neste cantado
MEA
19/11/2016
FAINA INCERTA
"Saem para alto mar os pescadores"
Que a faina é dura, mas a fome aperta
E há que alimentar filhos menores
Que aguardam, dessa faina, a volta incerta.
"Fazem daquela noite os cobertores"
E, do luar, lençóis, quando o alerta
Das vagas a crescer, sempre maiores,
Lhes chicoteia o bote e os desperta.
"Descarregado o peixe vai pr`a lota",
Sonhava um pescador, mas a derrota
Do sonho morre ao som do mar revolto;
"- Venha cá ver, freguês, peixe fresquinho!"
Evoca o pescador, mas foi baixinho
Que apenas murmurou; - "Desta, não volto..."
Maria João Brito de Sousa 28.11.2016 - 12.50h