GLOSANDO JOAQUIM SUSTELO V - Reedição
A CHUVA
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A chuva quando cai tem a beleza
Das lágrimas que correm por amor;
É choro, é emoção da Natureza,
Das nuvens, suas taças de licor
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Há sonhos que nos traz quando se ouve
Seu som lá no telhado ou na vidraça;
Beleza há na toada que se louve
Qual música que toca e nos enlaça
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Não há nenhum poema que descreva
As gotas numa pétala de flor;
E cada, é uma lágrima que leva
À terra, quando cai, o seu amor
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A alma se embebeda, se extasia
Ao ver chover nos campos... no caminho...
Embriaguês que chega por magia
Como se em vez de água fosse vinho
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A chuva... obra do Céu, da Natureza,
Tem música nas gotas, uma a uma...
Balada que nos dá nessa beleza
Dum dia que nos surge em tons de bruma.
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Joaquim Sustelo
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In CAMINHOS DA VIDA
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A CHUVA, SEGUNDO UMA ESTEVA-DAS-AREIAS
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"A chuva quando cai tem a beleza"
Da bênção que sacia e mata a sede
À terra sequiosa e sem certeza
Que em verdes refloresce, se a recebe
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"Há sonhos que nos traz quando se ouve"
Ressoar pelos pastos e quintais
Onde rebenta a flor, nasce uma couve
E despontam sorrindo os cereais
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"Não há nenhum poema que descreva"
A alegria da terra ao ser beijada
Por essas gotas de água e a própria esteva
Melhor vo-lo diria. Eu, não sei nada...
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"A alma se embebeda, se extasia",
E eu, que nada sei senão supor,
Pressuponho o que a esteva vos diria,
Se soubesse escrever mais e melhor;
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- "A chuva... obra do céu, da natureza",
é também minha mãe pois deu-me a Vida..."
Tão só por estar saciada a esteva reza
E eu fico a contemplá-la embevecida.
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Maria João Brito de Sousa
16.09.2016 - 17.55h
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