GLOSANDO JOÃO MOUTINHO
AGORA II
Agora, diz-me tudo o que quiseres
Agora, é o momento de sentir
Agora, não desfolho malmequeres
Agora, é o instante de sorrir
Agora, é uma pressa que tu queres
Agora, é outro passo no porvir
Agora, é outra seta que desferes
Agora, nem me chegas a ferir
Agora, já passou, já é futuro
Agora, foi o tempo que perdi
Agora, se quiser, posso ser puro
Agora, não importa o que vivi
Agora, já não posso ser mais duro
Agora, já não sei viver sem ti
João Moutinho
MORDENDO O ALHEIO FRUTO
“Agora, diz-me tudo o que quiseres”,
Agora, e não depois, te glosarei,
Agora, bem sabendo que preferes
Que apenas prove e diga que gostei.
“Agora, é uma pressa que tu queres”
E foi precisamente onde eu parei,
Agora, vou esquecer quanto opuseres
Aos versos que, na pressa, te roubei.
“Agora, já passou, já é futuro”
Agora, sem pedir - nada pedi... -,
Tomo posse daquilo que capturo.
“Agora, não importa o que vivi”,
Mordo o poema urgente e já maduro
Que sem pedir licença aqui colhi.
Maria João Brito de Sousa – 24.06.2017 - 09.15h