GLOSANDO A POETISA MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE - LUAS...
NA PENUMBRA PINTADA PELA LUA
É teu corpo um soneto que imagino
Que escrevo tantas vezes e, adormeço
No verso que o percorre peregrino
Por curvas e caminhos que conheço
Outros versos me levam ao destino
Quando as horas me acordam e te peço
Que completes um tal verso ladino
E dês ao meu poema recomeço
Na penumbra pintada pela lua
Crescem versos da rima quente e nua
Que fazem a beleza dessa escrita
Sem haver da manhã sequer vislumbre
Declamo cada verso com deslumbre
Quando de mim se abeiram em visita
MEA
23/10/2017
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NUM RECANTO QUALQUER DO MEU PASSADO
“É teu corpo um soneto que imagino”
Recolhido num berço, eternizado
Pela minha memória, meu menino,
Num recanto qualquer do meu passado.
“Outros versos me levam ao destino”
Desse bercinho em mim cristalizado,
Mas sempre que te evoque, pequenino,
Estarás presente, embora em tempo errado;
“Na penumbra pintada pela lua”,
Abres porta e sais comigo à rua
Num gesto rotineiro e natural.
“Sem haver da manhã sequer vislumbre”,
Espero que o sono volte e me deslumbre,
Passando, em vez de sonho, a ser real...
Maria João Brito de Sousa – 23.10.2017 – 17.05h
Imagem - "Le Berceau", Berthe Morisot