GLOSANDO A POETISA MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE - SILÊNCIOS
O SILÊNCIO FALA E GRITA
Por vezes o silêncio fala e grita
De modo tão intenso tão feroz
Que quando ele aparece e nos visita
Faz-nos acreditar que ganha voz
Disfarça-se a rigor qual parasita
E expressa-se de modo tão atroz
Que entre seus brados sente-se a desdita
Cingir-nos e tomar conta de nós
Porém se a madrugada esparge luz
Logo o silêncio foge e se conduz
À plena fantasia dos sentidos
Surge então do silêncio a quietude
Que se quer nos proteja ampare e escude
Em momentos pra nós mais doloridos
MEA
10/09/2017
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EM SILÊNCIO
“Às vezes o silêncio fala e grita”
Tornando-se um tirano prepotente
Mas, noutras, surge harmónico e suscita
Uma viagem nova ao que se sente.
“Disfarça-se a rigor qual parasita”,
Ou despe-se de véus e, de repente,
Ouvimos, dessa voz que nos habita,
Aquilo que, no fundo, nos faz gente.
“Porém se a madrugada esparge luz”,
Ocorre outro silêncio; o que traduz
A esp`rança do nascer de um novo dia.
“Surge então do silêncio a quietude”
E, em silêncio, se atinge a plenitude,
Ou se morre, num espasmo de agonia...
Maria João Brito de Sousa – 11.09.2017 – 13.36h