GLOSANDO A POETISA MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE XXXVIII
QUISERA SER…
Quisera ser a brisa perfumada
Que vem da rama fresca do pinheiro
Fazer dos teus cabelos a morada
E soprar-te ao ouvido o dia inteiro
Quisera ser a onda bem picada
Se nela te fizesses marinheiro
E lá no alto mar de vela içada
Nosso barco do amor, nosso veleiro
Quisera ser a chuva de Verão
Orvalhando teu rosto de paixão
E em teus lábios deixar frugal pecado
Quisera ser o ar, a luz das estrelas
Fragrância duma flor, chama de velas
Para mais te sentires remansado
MEA
22/01/2017
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"TAKE ONE"
(Luzes, Câmaras, Acção!)
"Quisera ser a brisa perfumada",
Ou mesmo uma nortada que, em crescendo,
Fosse, às tantas, tangendo entusiasmada,
As espias que a Barca vão sustendo.
"Quisera ser a onda bem picada"
Que por um quase nada a está vencendo,
Porquanto de repente, agigantada,
Da proa até à gávea a vai escondendo...
"Quisera ser a chuva de Verão"
Pr`a chorar-te, em sequela, a convulsão
Nascida de um naufrágio, que o não foi;
"Quisera ser o ar, a luz das estrelas"
E, rasgado o guião, ver nascer delas
Outra Barca sem velas, nem herói.
Maria João Brito de Sousa - 23.01.2017 - 18.06h