GLOSANDO A POETISA MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE XXII
FUI BARCO AMARRADO NO CAIS
O dia despertou pardo e cinzento
E, caindo em cascata dos beirais
Inundando o recinto de cimento
Desabam grossos rios verticais
Trouxe por companheiro tanto vento!
E eu, fui barco amarrado no meu cais.
Presa, só passeei em pensamento
Ao visitar caminhos e locais
Percorri-os, supondo aquela calma
Sabendo não haver neles vivalma
Que me fala infeliz ou ansiosa
Sem que do sol tivesse algum aviso
Nem sequer pequeníssimo sorriso
A noite anunciou-se nebulosa
MEA
21/11/2016,
ESTE ÚLTIMO CIGARRO
"O dia despertou pardo e cinzento";
Cenário de um grotesco furacão
Que uivasse o seu fantástico lamento
A tão (in)desculpável solidão.
"Trouxe por companheiro tanto vento!"
Vergou troncos, mudou a direcção
Da louca dança e, sendo um trapalhão,
Ufanou-se de ter graça e talento...
"Percorri-os, supondo aquela calma",
Aos mais fundos abismos da minh`alma
E por lá estacionei meu velho carro.
"Sem que do Sol tivesse algum aviso",
Triste me quedo - não perdendo o siso... -,
Assim que acabe este último cigarro.
Maria João Brito de Sousa - 21.11.2016 - 18.49h
Rabisco/pincelado de minha autoria - 1999