GEADA NEGRA
(Soneto em verso hendecassilábico)
Perdoai-me agora porque mais não posso,
Estou já pele e osso, quanto a poesia,
Do carnudo fruto que antes produzia,
Mal vejo o de outrora pequeno caroço,
Qual mero vestígio, qual simples destroço
Do que então criava, do que então escrevia,
Mesmo, em chão negado pela carestia,
Sendo um vago esquiço, sendo um mero esboço.
Vibram já machados sobre essa haste nua,
Sem um sol que a aqueça, sem que a esconda a lua,
Pois desta colheita contra-producente,
Sem mais flor que a anime, fruto que a alimente,
Fica só memória... quem sabe, a semente
De outra humana história que a tomar por sua?
Maria João Brito de Sousa – 10.03.2015 -16.21h
Nota – O meu primeiríssimo soneto em verso hendecassilábico.