FRUTOS DA TERRA E DO MAR
FRUTOS DA TERRA E DO MAR
(Soneto Alexandrino)
Num verso me quis dar, versos fui semeando,
Como se ao verso amando, eu mais pudesse amar,
Ou se isto de criar fosse como ir podando,
Sem saber até quando, hastes de algum pomar
Que vai frutificando onde, em verso, brotar
Pronto pr` amadurar, o que eu estava buscando...
Se o sonhei, foi sonhando outra forma de estar
Que acabei por murchar. E o verso... medrando.
Quando em sal, marinando, esse fruto é do mar.
Que me importa o lugar se lá chego nadando
E só mesmo salgando eu o sei preservar,
Ou talvez devorar, a mim me preservando?
Qual de nós vai sobrando a nós dois, se eu pensar;
Eu, ou ele a medrar? Ele, ou eu... definhando?
Maria João Brito de Sousa – 09.07.1018 -20.04h