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Jun19
FRÁGIL SERIA O FRUTO E FRACO, O CHÃO
Maria João Brito de Sousa
FRÁGIL SERIA O FRUTO E FRACO, O CHÃO
*
Quero-te, solidão, mais do que ao mar
E mais do que ao vulcão que trago aceso
Nas mil e uma noites sem luar
Dos dias em que o sol se compra a peso.
*
Do tanto que te quero e sei mostrar,
Do muito que te anseio, adubo e prezo,
Fico, de corpo e alma, a levedar
A massa do meu pão posto em defeso.
*
Porque és amante que poucos entendem
E mãe dos versos que me surpreendem
No ventre do silêncio, ó solidão,
*
Se não fora por ti, fermento vivo
Do verso-pão que como e que cultivo,
Frágil seria o fruto e fraco, o chão.
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Maria João Brito de Sousa – 19.06.2019- 12.38h