27
Jan22
FIO A FIO
Maria João Brito de Sousa
FIO A FIO
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Bebeu um capuccino amargo/doce,
Penteou os cabelos prateados,
Arrumou as ideias e deitou-se
Sobre os lençóis de linho amarrotados
*
Guardou o verbo. Fosse como fosse,
Quem lhe leria os versos ensonados
Que nessa tarde a velha Musa trouxe
Coxos, banais e um tanto martelados?
*
Rendeu-se e mergulhou num fundo sono,
Feliz por não ter medo nem ter dono,
Grata por não ter dor nem sentir frio
*
Quando a manhã chegar, se cá estiver,
Talvez sorria por poder dizer
Que assim se tece em vida. Fio a fio.
*
Mª João Brito de Sousa
27.01.2022 - 11.15h
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