FATALIDADE
FATALIDADE
*
Já faz tanto tempo que pouco me sobra
Do tempo que, à justa, cabe a cada humano
E ele há tanto verso que em mim se desdobra
Que nisso envelheço milénios por ano...
*
Já faz tanto tempo que o tempo me cobra
Quanto me extasia sem causar-me dano:
Verso a verso tento consumar a obra
Mas depressa acordo desse sonho insano
*
E do quase nada que possa restar-me,
Fazendo-me surda aos sinais de alarme
Que alguns julgam fruto desta (in)sanidade,
*
Persisto no verso, dure ele o que dure:
Se desta "doença" não há quem me cure,
Já nasci poeta. Que fatalidade!
*
Mª João Brito de Sousa
28.06.2022 - 16.00
***
Soneto dedicado à poeta e sonetista Helena Fragoso