26
Abr21
EM CARNE VIVA
Maria João Brito de Sousa
EM CARNE-VIVA
*
São como sal na f rida em carne-viva,
Estas estrofes que alheada escavo,
Curvada sobre a rima, o verso à d`riva
Sobre um destroço que antes fora um cravo
*
Mas, à rotina que me tem cativa
De criação de tão amargo travo,
Veio juntar-se, abrupta e punitiva,
A sanção relativa ao desagravo
*
Da voz canónica e repetitiva
Cujo "vibrato" foi ficando escravo
Do dogma e sua ilustre comitiva
*
Que lá do topo do seu desconchavo,
Em plena (dis)função judicativa
Decreta que o que leu "não vale um chavo".
*
Maria João Brito de Sousa - Março 2016
In A Ceia do Poeta (inédito)