É DAQUI QUE TE ESCREVO
É DAQUI QUE TE ESCREVO
*
É daqui que te escrevo,
desta vontade que me veste de Abril
de poemas e de trapos, também
*
Daqui,
de onde me reconheço em ti espelhada
embora o perfil simples do meu cravo
sem nome nem espinhos
e
tão menos glorioso
pareça vergar-se a cada verso que canta
*
Mas é daqui,
deste lado aguerrido de mim
onde vestida de um Abril em farrapos
não dispo Abril
apesar do despontar
duma resistência que te não sei explicar
mas presumo que
ninguém imaginaria florescendo ainda
*
Daqui,
de onde também eu
aprendi a amar a solidão
e
a recriar o mundo
na sombra da ausência
dos anos – tantos… - do verde caule
de um mesmo sonho de pétalas ao rubro
*
Daqui
e
porque o poema me apetece
insurrecto e vermelho
este escrever-te
sem rima nem medo
com as armas florindo num canto maior
*
Maria João Brito de Sousa – 19.06.2011 – 16.31h
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A um camarada que ainda estava entre nós
no ano de 2011