09
Mai22
DORME, LUÍSA
Maria João Brito de Sousa
Tela de F. Botero
DORME, LUÍSA
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Luísa dorme ao som dos carrilhões:
De vento e nuvens são os seus cabelos
E seus olhos fechados, dois tições
Em tempos muito abertos, quase belos...
*
Dorme a Luísa das contradições
Na estrada de tijolos amarelos,
Sem latas, sem espantalhos, sem leões,
Sem sapatos vermelhos, nem chinelos...
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Do grande sono já ninguém a acorda:
Não há serpente que agora te morda,
Nem princípe encantado há que, a rogo,
*
Te dê um beijo e te devolva à vida,
Que te vais decompondo adormecida
No mesmo mar em que eu vivo e me afogo...
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Mª João Brito de Sousa
08.05.2022 - 14.40h
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(A uma grande amiga que partiu)