DO NADA QUE TENHO AO POUCO QUE SOU
DO NADA QUE TENHO AO POUCO QUE SOU
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“Perdi a esperança, perdi a vontade”...
Tudo, na verdade, perdi da abastança
Vinda da bonança após a tempestade.
Mas tudo se evade que a vida é mudança
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E a ponta da lança é de ferro e saudade...
Mas urdi-me em jade, com perseverança.
Desfiz-me da trança, gritei; Liberdade!,
Da trivialidade moldei a pujança.
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Pouco me sobrando, por dentro me sondo
E vou recompondo do duro, o mais brando,
Até não sei quando, num gesto redondo,
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Janelas que rondo, assim me franqueando
Se sigo teimando, tal qual marimbondo*
Zumbindo e compondo, juntar-me ao meu bando.
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Maria João Brito de Sousa – 01.08.2019 – 10.03h
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NOTA – O primeiro verso é da autoria de MEA no seu soneto DO POUCO QUE QUERO, QUASE NADA TENHO
* Marimbondo (do kimbundo, Angola) – Vespa, vespão