DIVAGAÇÕES DE UM VELHO CÃO NUMA TARDE DE OUTONO
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DIVAGAÇÕES DE UM VELHO CÃO
NUMA TARDE DE OUTONO
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Agora que digo se todo eu sou sono?
Ah, não me abandono na leira de trigo
esperando o castigo do mestre ou do dono
que a tanto me abono se mal está comigo...
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Por aqui me abrigo me enrolo e ressono
que é este o meu trono, se um trono consigo,
ainda que antigo, ainda que um mono,
qual velho patrono, um cantinho amigo...
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Nas tardes de Outono sem Sol mas com vento
quanto me contento se às folhas douradas
que encontro espalhadas no chão, ao relento,
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Miro muito atento e as vejo levadas
por anjos ou fadas com arte e talento:
Todas movimento, bailam tresloucadas.
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Mª João Brito de Sousa
02.01.2025 - 12.30h
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Soneto em verso hendecassilábico com rima entrançada