29
Jan21
DESVARIO
Maria João Brito de Sousa
DESVARIO
*
Passa tranquila, a noite, acorda o dia
De cinzento vestido. Em pleno inverno
O cinzento é padrão comum, moderno,
Sem etiqueta mas com garantia
*
De chuva, de gelada ventania,
De um temporal que me parece eterno...
Aberto sobre o colo, o meu caderno
Pede, apesar do vento, a poesia.
*
Zune o vento e as palavras vão nascendo
Uma atrás de outra como um longo fio
Que as minhas mãos geladas vão estendendo
*
Num hábil gesto que resiste ao frio
E as encadeia como se tecendo
A tosca manta deste desvario.
*
Maria João Brito de Sousa - 29.01.2021 - 13.59h