18
Out22
DESENCONTROS
Maria João Brito de Sousa
DESENCONTROS
*
Dormias nos meus braços fatigados
E, hoje, não me vês, não me conheces,
Não juntas os meus fios aos fios que teces,
Nem há lugar pra mim nos teus cuidados
*
É tarde, eu sei, pra redimir pecados
Ou pra saber se tens quanto mereces
E o que me dirias se pudesses
Relevar preconceitos recalcados
*
Mas se te move o mesmo que me move,
Segue em frente, não esperes que te prove
Que me sinto por fim realizada
*
Pois também para mim o tempo é pouco
E o mundo, minha filha, anda tão louco
Que tudo diz saber sem saber nada.
*
Mª João Brito de Sousa
In A CEIA DO POETA
Inédito
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