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Ago17
DEPOIS DA MARÉ-CHEIA...
Maria João Brito de Sousa
Que faço de um poema que não pinto,
Nem burilo, polindo-lhe as arestas?
Que faço ao que me escapa pelas frestas,
Daquilo que não vejo ou que não sinto?
Que faço, já que eu própria me desminto
Pois vou desperdiçando em mornas sestas
As horas de criar, quando em giestas
Podendo transmutar-me, o nem consinto?
Ah, toda a minha vida andei correndo
E agora repouso, compreendo...
Mas pudesse eu correr como corria
E garanto que, ainda que morrendo,
Seria mais veloz, menos doendo
Depois da maré-cheia, outra, vazia...
Maria João Brito de Sousa – 11.08.2017 – 11.40h