DE NOVO, O MAR
DE NOVO O MAR
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De novo o mar. Tão longe e aqui tão perto,
Vem relembrar-me o sonho da jangada;
Pede-me tudo e não me pede nada
Que eu já não tenha, há muito, descoberto
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Pois sempre que num verso me liberto,
É nesse mar que encontro a minha estrada
E tão mais lesta quanto mais cansada
Prossigo em busca do meu porto (in)certo.
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Não sei se cacilheiro, se canoa,
A jangada de sonhos e de espantos
Que hoje me espera num cais de Lisboa,
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Mas sei que vence as dores e desencantos
Do vastidão marinha que a atordoa
E não teme os rochedos, que são tantos.
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Maria João Brito de Sousa - 23.02.2021 -14.53h
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Soneto criado para a Antologia Luso-Brasileira "Tanto Mar Entre Nós"
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Fotografia de Fernando Ribeiro