26
Jun20
CREIO NO PÃO
Maria João Brito de Sousa
CREIO NO PÃO
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Pode o diabo ter-me até estendido
O pão amanhecido que mordeu
Mas, quanto ao resto, ter-vos-á mentido
Pois quem o amassou fui eu, só eu!
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Se o diabo ficar aborrecido
Por ver-se despojado de um troféu,
Viro-lhe as costas, vou noutro sentido
E amasso um pão que seja mesmo meu.
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A massa deste pão, quão mais cozia
Mais dourava, crescia e rescendia
Às ervas bravas da planura mansa.
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Nenhum demo este pão cobiçaria
Porque leveda nele a poesia
De alguém que em tempos idos foi criança.
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Maria João Brito de Sousa - 25.06.2020 - 21.00h