CONVERSAS À JANELA - (entre sonetistas)
CONVERSAS À JANELA
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(entre sonetistas)
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Grafando letra a letra e lentamente,
Compões o teu soneto extraordinário,
Ditado por tu'alma, o santuário
Onde germina a imortal semente.
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E nesse curto espaço inconsistente,
Tu dás a dimensão de um grã-sacrário
Com a pedra angular num campanário
Tangente em vibrações que a alma sente
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Com a grandiosidade do que dizes,
Tendo a semente com suas raizes
Na alma e os sobranceiros, grandes ramos
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Nossas almas sombreiam, com matizes
Tão multi-coloridos quão felizes
Nós nos tornamos quando o escutamos!
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Laerte Tavares
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Falham-me os olhos, vão falhando os braços
E até o coração me vai falhando
Inda que sobre as teclas vá teimando
Em ser mais forte do que os meus cansaços.
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Se galopa o soneto em seus compassos,
Este, coitado, nem sequer trotando
Se soube construir. Foi-se apoucando
Na lentidão dos débeis ou madraços...
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Mas lá se construiu, pese este peso
Que o prende a tudo aquilo que eu desprezo,
Rastejando, talvez, mas não vergado
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Ao que assim o tornou fraco, indefeso;
Arriscou tudo e, enfim, chegou ileso
À praia em que julgou ter naufragado.
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Maria João Brito de Sousa - 17.11.2020 - 13.10h
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Imagem- Tela de Paul Klee