CONVERSANDO COM MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE XIII
PALCO DA VIDA
É imensa esta estrada este caminho
É um palco real com bastidores
Onde actores fizeram o seu ninho
Nas brancas asas de ágeis beija-flores
Encenam seus papéis em desalinho
Que a fadiga provoca-lhes as dores
Que albergam em seu peito num cantinho
Mitigadas um pouco plos amores
Sem saberem da peça qual o fim
Lutam pelo seu próprio camarim
E fazem desta luta seu sustento
Quando se acaba a peça desce o pano
Acaba-se o teatro do engano
Sobra apenas cansaço e desalento
MEA
24/01/2017
IMPROVISO(S)
Sabendo que é perfeita, a analogia,
Em nada a contradigo e se a acrescento
É porque prometi que assim faria,
Se me sobrasse um nada de talento;
Escrevo umas linhas, nesta tarde fria,
Para o papel da vida em que me invento
E abuso duma mão que mal me guia
Na criação de enredo e de argumento...
Neste palco da vida, é sempre assim,
Mesmo na solidão do camarim,
Actuo e vou da lágrima aos sorrisos,
Mas quando cai o pano é mesmo o fim,
Não da Peça da Vida, mas de mim,
Das minhas deixas, dos meus improvisos...
Maria João Brito de Sousa - 26.01.2017 - 17.10h
Imagem - Fotografia de Phil Mckay