CONVERSANDO COM MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE V
FIM DE TARDE
Entra o sol pla vidraça entreaberta
Vem brilhar no meu rosto já esquecido
Dos suaves afagos desta oferta
Que por beijá-lo o deixam aquecido
Com ele traz suave mas incerta
A música dum pássaro atrevido
E que mesmo cantando fica alerta
E faz-se esvoaçar por um estalido
O sol é tão ameno. O canto frágil!
Vai desmaiando o Sol. O passaro ágil
Desfaz-se do seu canto, cala a voz
Pla vidraça fechada apenas escuro
Nem o brilho do sol, mesmo inseguro
Nem o canto do pássaro veloz
MEA
11/12/2016
ESPAÇO-TEMPO
(Um dia sem poesia)
Por cá, passou-se o dia, e mal o vi...
Choveu, é certo, a meio da manhã,
Mas se houve sol, nem del` me apercebi
Nesta canseira imensa, inteira e vã
Em que, por força externa, me encolhi
Por dentro, qual semente da maçã
Que fiquei a olhar, mas não colhi
Porque, olhando melhor, não estava sã...
Por cá, passou-se o dia. Mais um dia
Em que nem mesmo o verso, a melodia
Me veio consolar com suave abraço,
Pois tudo o que o cansaço permitia
Era ir sobrevivendo... e prometia
Mais um dia sem tempo pr`a ter espaço...
Maria João Brito de Sousa - 15.12.2016 - 09.10h