CONVERSANDO COM ALBERTINO GALVÃO - VALORES
FALO DO QUE SINTO
(soneto hendecassílabo com rimas encadeadas)
Já mortos, no tempo, andam os valores
mas nascem “senhores” neste nosso chão
que serão, ou não, por formação doutores...
porém... estupores?!... Isso eu sei que são!
Com ou sem razão, a esses tais “senhores”
chamo ditadores e aos que a eles dão,
por bajulação, aplausos e louvores
chamo de impostores! Digam lá que não!?
Sempre fiz questão de escrever de falar...
sem medo apontar injustiças que vejo
jamais p’lo desejo de ser aclamado...
foi-me já legado! Sem me comparar
a Ary vou gritar, porque nele me revejo,
não sou nem almejo ser vate castrado!
Abgalvão
...*…
TAMBÉM DO QUE SINTO, FALO!
Também do que sinto falo sem pudor,
Sem mudar de côr. Sobre essas, não minto,
Nem douro, nem pinto valor que é valor,
Nem que erga o teor à dor que hoje consinto
E que evito e finto, seja como for...
Sem um só rubor, direi tudo o que sinto
Sem branco nem tinto que altere o sabor,
Melhor ou pior, do que é claro e distinto.
Fujo ao tal estrelato que não me seduz,
Que sempre reduz a memória do facto
Ao mero aparato de uns jogos de luz...
Isto me conduz e portanto delato
Maldade, mau trato e quanto os traduz
Porque os reproduz sem um termo... e a contrato!
Maria João Brito de Sousa
18.06.2018 – 12.38h
Pablo Picasso - Self Portrait, 1907