CASTELO DE AREIA
CASTELO DE AREIA
Castelo de areia. Quem lhe reconhece,
No que prevalece, direitos de autor?
De mal a pior, o demais que acontece
Apenas se tece nas mãos do escultor,
Pois quando parece pronto para expor,
Desaba em clamor e depressa se esquece;
Não lança uma prece, um só grito, um estertor,
Por seja o que for que a morte lhe apresse.
Ninguém lhe conhece segredos de amor
(boatos, rumor, mal o mundo os soubesse,
que, se os conhecesse, os mudava em teor),
Ergue-se ao alvor, ao sol-pôr desfalece;
Por mais que o quisesse, cai sem ter valor,
Que nem pr` ó escultor essa ruína o merece.
Maria João Brito de Sousa – 27.05.2018 – 09.04h
(Soneto em verso hendecassilábico com rima intercalada.)