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Out15
CALAR PALAVRAS...
Maria João Brito de Sousa
Calar quando as palavras se me adentram
E me correm nas veias galopando,
Calar quando, ind` além do que comando,
Sou razão das razões que elas concentram
Se, nunca me bastando, mais me tentam
E mais me justificam se, cantando,
Nos dedos que são meus, frutificando,
Me crescem, me revelam, me sustentam...
Como calar-me, então, sem ser calada,
Mesmo por força bem intencionada,
Por falta de que sei estar inocente?
Como tornar-me, então, neutra, indif`rente
E reduzir-me, em vida, a quase nada,
Antes de assim sentir-me amordaçada?
Maria João Brito de Sousa - 28.10.2015 - 21.06h
Gravura de Cipriano Dourado