08
Jun17
CALADA
Maria João Brito de Sousa
Não mais me prende o Tejo e nem o mar,
De que ao longe vislumbro um quase nada,
Faz por manter-me alegre ou minorar
As penas de uma morte anunciada.
É tarde. É muito tarde pr`a sonhar
E quando um sonho vai, não sobra nada,
Ou sobra-me, acoplado ao que sobrar,
Este sentir-me presa e derrotada.
No entanto, criei. Se ousei criar,
Se fui rebelde, persistente, ousada,
Tive um tesouro e cabe-me aceitar
Ter sido pela musa abandonada,
Ter já perdido a força pr`a cantar
E a sorte de ir morrendo, assim, calada.
Maria João Brito de Sousa -08.06.2017 - 19.21h