20
Out20
BÁRBARA
Maria João Brito de Sousa
BÁRBARA
*
Eis que Bárbara passa e, em passando,
Vai-se mostrando bárbara, insubmissa,
Que embora um mar de lágrimas chorando
É feita fúria que se faz à liça.
*
Passam as suas lágrimas voando
Sem cuidar de justiça ou de injustiça
Que não tem Bárbara a noção do quando
Nem dos porquês, enquanto assim se atiça.
*
Não teme o Sol, nem a perturba a Lua,
Que a força com que sopra é tão só sua,
Não lhe ocorre explicar-se ou confessar
*
Pecado ou pecadilho que lhe encontrem;
Não há fúrias humanas que a confrontem
Porquanto mais não faz do que passar.
*
Maria João Brito de Sousa - 19.10.2020 - 17.41h