03
Ago18
BANDEIRA DE CORSÁRIO
Maria João Brito de Sousa
BANDEIRA DE CORSÁRIO
*
À nuvem que crescia, ordenei: - Gela!
E a nuvem estremeceu, mas não gelou.
Quis pintar qualquer coisa e gritei: - Tela!
Mas ela, surda, nem sequer escutou.
*
Restava-me a memória, esta sequela
De um sonho (in)conquistado que passou,
Escondida onde nem eu dava por ela,
Murchando à sombra desta que hoje sou.
*
Escrava da minha própria liberdade,
Jamais o burburinho da cidade
Me arrancaria às ondas do estuário.
*
Sobre o convés do galeão que piso,
Disparo cem canhões, sem pré-aviso,
E desfraldo a bandeira de corsário.
*
Maria João Brito de Sousa – 19.07.2018 – 17.15h