28
Out16
BALADA PARA UM VELHO CEDRO
Maria João Brito de Sousa
BALADA PARA UM VELHO CEDRO
Eu sonho um cedro que me embale o sono;
Subitamente o sonho -imenso, austero... -
Ver, da janela de onde sempre o espero,
Rasgando o solo e, como eu sou, sem dono...
Um cedro que adoçasse este abandono,
Que não vergasse, sólido, sincero,
Que me escutasse sempre que me esmero
Em descrevê-lo, enquanto assim ficciono...
Somo silêncios sobre o velho cedro,
Mas se me sobra sonho, o cedro vem,
Subindo sempre, se o sonhei sem medo,
E, deste sonho, surgem-me outros cem,
Como se eu própria ousasse ser segredo
Da sementeira que lhes fez de mãe...
Maria João Brito de Sousa - 27.10.2016 - 16.19h