AO PÃO QUE O DEMO AMASSOU
Eu, que não roubei pão, nem o vendi,
Da mesma forma tenho de o comer,
Mas fá-lo-ei tão só pr`a não morrer,
Que a morte (in)certa nunca eu me rendi
E sempre afirmarei que, se o comi,
Foi só para o poder contradizer;
Ao pão que o demo amassa pr`a vender
E à rija côdea com que o cubro aqui.
Não lha vendo, nem compro, e se lha como,
É na clara intenção de ver se o domo
Usando a minha imensa teimosia,
Mas porque todo o pão contém fermento,
Da mesma levedura eu me alimento
E dela me acrescento a cada dia...
Maria João Brito de Sousa 25.01.2017 - 15.27h
Nota - Soneto escrito na sequência da leitura do poema "Esse Mesmo Pão" de Vergílio de Sena.