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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
29
Set22

ALMA DE MONTANHA e ALMA DE MAR - Coroa de Sonetos

Maria João Brito de Sousa

Custódio Montes.jpeg

- oEIRAS, eVENTO NAS PALMEIRAS, POESIA, 2021 (5).jpg

ALMA DE MONTANHA E ALMA DE MAR
*
Coroa de Sonetos
*


1.
*

Vivo na montanha, no interior

Vejo o sol nascente ao vir a madrugada

Acordo contigo, em teus braços, amada,

Sentindo na alma o teu fogo e calor
*


Se o mar lá ao longe se espraia maior

Olhando do alto, a vista espalhada,

A partir daqui, é bem mais encantada

Expande-se a alma, perdida de amor
*


A brisa marinha ao beijar a montanha

Fica mais amena e com graça tamanha

Que as ondas sossegam e batem com calma
*

Na serra verdejam a urze e a carqueja

Vislumbra-se ao longe o mar que a beija

Assim rodeada é daqui a minha alma
*

Custódio Montes

27.9.2022
***

2.
*

"Assim rodeada, é daqui a minha alma"

Que pra ver a sua escala uma ravina

E de lá lhe acena como se menina

Porquanto às meninas ninguém leva a palma...
*


Voejam gaivotas nessa tarde calma

Sobre as ondas mansas de um mar que se anima

Na eterna constância da sua rotina...

Na praia deserta não se vê vivalma
*


Só essa menina que procura ainda

Vislumbrar ao longe com paciência infinda

Um`outra alma amiga que tal como a dela
*


Subiu à montanha pra poder saudá-la

(um aceno basta se nos falha a fala),

E de pé no cume também tenta vê-la.
*

 

Mª João Brito de Sousa

27.09.2022 - 15.30h
***
3.
*

“E de pé no cume também tenta vê-la”

Senão em pessoa, encontra magia

Num élan crescente rumo à poesia

A sentir-lhe a alma, alma que é tão bela
*


Da montanha ao mar fui ter com uma estrela

Que com a sua alma tanto refulgia

O seu mar cantando com muita alegria

E ver se na serra eu podia tê-la
*


E assim voando fui até ao mar

E a brisa ondulando fez-me então cantar

Ao sabor do vento e da ondulação
*


E agora olho e vejo lá ao longe

Essa bela estrela que descobri hoje

E por todo a parte vejo o seu clarão
*

Custódio Montes

27.9.2022
***

4.
*

"E por toda a parte vejo o seu clarão"

Que muito me alegra e de pronto me aquece

Gerando esse encanto que nunca se esquece

Que guardo gravado na palma da mão
*


Recordo-lhe o brilho, a forma, o padrão

E logo revê-la e saudá-la apetece...

Será que vou vê-la? Será que aparece

De novo acenando de longe essa mão?
*


Na praia uma onda maior que as demais,

Rebenta em estilhaços de espuma no cais:

Voam as gaivotas e há uma, uma apenas,
*


Que vem ter comigo, que me sobrevoa,

E ao largo, à bolina, uma frágil canoa

Ruma agora ao Norte do qual tu me acenas.
*

 

Mª João Brito de Sousa

27.09.2022 - 17.47h
***

5.
*

“Ruma agora ao Norte do qual tu me acenas”

Então fico à espera e quando chegar

Vou pôr um sorriso, quero-lhe agradar

Mas com compostura e sem muitas cenas
*


Vou gabar-lhe o voo, afagar-lhe as penas

Espero que goste quando me olhar

Que pedir lhe quero para me levar

O toque singelo que dão as avenas
*


A canção que mando se chegar ao cais

Que lhe agrade à alma, ao corpo e muito mais

Fazendo uma ponte tão longa e tamanha
*


Com fácil transporte sendo fresca a aragem

E ser agradável a sua viagem

Do lugar de Oeiras até à montanha
*

Custódio Montes

27.9.2022
***

6.
*

"Do lugar de Oeiras até à montanha"

Em alegre bando voarão meus versos

Que não quero vê-los soltos ou dispersos

E daí, do alto, nenhum se despenha...
*


Versos, quando alados, serão coisa estranha

Nos tempos que correm difíceis, adversos,

Mas estes meus olhos irão nel`s imersos

E pouco me importa se alguém del`s desdenha!
*


Assim construímos essa ponte imensa

Que dos nossos versos fica então suspensa

E é bem mais segura que as de aço forjadas
*


Do mar à montanha, da montanha ao mar,

Qualquer um de nós a pode atravessar

E tendo esta ponte, esquecem-se as estradas.
*


Mª João Brito de Sousa

27.09.2022 - 20.45h


7.
*

“E tendo esta ponte, esquecem-se as estradas”

Também acidentes nas ultrapassagens

E do alto vemos mais belas imagens

Ficando na escrita todas estampadas
*


E na poesia bem mais espelhadas

Com sua beleza, com outras roupagens

Ficando mais belas todas as passagens

Pontes, pradarias, flores enfeitadas
*


A correr a água, a giesta a crescer

Meninos na escola a correr e a aprender

Um barco ao longe vogando no mar
*


E cá na montanha a subir a encosta

E ao chegar ao alto ver o que se gosta

Como andar aos ninhos, correr e saltar
*

Custódio Montes

27.9.2022
***

8.
*

"Como andar aos ninhos, correr e saltar"

Que é bela a montanha, tão casta e tão viva

Que já não me aparto, torno-me nativa

E também cativa, tal qual do meu mar
*

 


Que, por lá, são algas o meu doce lar

E, na penha, a torga resistente, altiva,

Depois de encantar-me, já comigo priva...

Quererá prender-me para em mim morar?
*

 


Fico dividida, já não sei se volto,

Vou de rocha em rocha de cabelo solto,

Descobrir tesouros atrás de tesouros:
*

 


Líquenes e osgas e aves dif`rentes,

Que não comem peixe, debicam sementes,

E, dentre os insectos, zunem os besouros!
*

 


Mª João Brito de Sousa

22.09.2022 - 23.30h
***

9.
*

“E dentre os insectos, zunem os besouros!”

Pela encosta abaixo e ao longo do rio

Com muito barulho do seu assobio

Picam tudo a eito quer moscas quer touros
*


Mas há avozinhas e há pardais louros

Que voam ao alto tão cheios de brio

Tão harmoniosos de pio em pio

Que são da montanha seus grandes tesouros
*


Mas rio abaixo vou até ao mar

Visitar Oeiras e lá passear

Deixo-vos besouros e a vossa cantiga
*


Fica-te montanha, fica à minha espera

Que eu volto depressa, palavra sincera,

Só vou abraçar e ver a minha amiga
*

Custódio Montes

28.9.2022
***
10.
*

"Só vou abraçar e ver a minha amiga",

Diz o meu amigo do verso e da c`roa

Que vem pela ponte direito a Lisboa

Visitar Oeiras que então já lobriga...
*


Lá longe, do mar onde ela se abriga,

Vai crescendo um canto que prende e que ecoa

Pela praia inteira que em nada destoa

Com toda a beleza que há nessa cantiga...
*


Já pisando a areia é no mar que a vislumbra

Vestida de espuma, rasgando a penumbra

Da tarde, que à tarde chegara, sem pressas
*

 

Quando enfim se abraçam parece ser dia!

Ah, quantos sorrisos! Ah, quanta alegria

No primeiro encontro depois das promessas!
*

 

Mª João Brito de Sousa

28.09.2022 - 14.55h
***

11.
*

“No primeiro encontro depois das promessas!”

Ambos no poema sempre imiscuídos

A lançar aos ventos temas escolhidos

Muito bem pensados e sem muitas pressas
*


Do mar vêm ondas muito bem expressas

De cá da montanha garbos merecidos

Em tons bem suaves e agradecidos

Que só se remetem a nobres condessas
*


E a ir e vir neste percurso imenso

O discurso voa contente e bem denso

Sempre evoluindo na forte amizade
*


Que fazem-se amigos mesmo sem se ver

Ambos numa ideia depois de nascer

E amigos ficam para a eternidade
*

Custódio Montes

28.9.2022
***

12.
*

"E amigos ficam para a eternidade"!

Já tecemos c`roas e erguemos a ponte

Que nos leva além deste nosso horizonte,

Já tanto fizemos sem dificuldade
*


Que estou bem segura que a nossa amizade

Jorrará pra sempre como água da fonte:

Não há força humana que quebre ou desmonte

Quem nos versos ponha tal sinceridade!
*


Que importa a distância quando a poesia

Nos concede a graça desta sintonia

Mais do que perfeita quando partilhada?
*


Pouco ou nada importa que nunca cruzemos

A ponte encantada que juntos erguemos:

Eu tenho a certeza que já foi cruzada!
*

 

Mª João Brito de Sousa

28.09.2022 - 17.25h
***

13.
*

“Eu tenho a certeza que já foi cruzada!”

Que não há distância entre aqui e além

Que essa distância a encurta alguém

Que alarga o poema a uma outra amurada
*


Nessa vastidão ode a ode espalhada

Percorre a montanha e por lá se detém

De lá vê o mar e percorre-o também

E entre esses lugares corre atarefada
*


E a que sai de Oeiras com graça tamanha

Vai alegrar logo a minha montanha

Os rios, os vales e toda a encosta
*


Encurta o espaço entre a serra e o mar

Porque donde moro segue outro cantar

Inexiste ponte com essa resposta
*

Custódio Montes

28.9.2022
***

14.
*

"Inexiste ponte com essa resposta"

E quanto inexista será fantasia...

Quão forte, contudo, essa ponte seria

Se a fraga trouxesse a banhar-se na costa?
*


Não penso sequer em fazer uma aposta

Porque reconheço que prá poesia

Não há impossíveis que alguma magia

Não mat`rialize, se está bem disposta...
*

MJ
Sou poeta velha e sem truques na manga,

Uso camisolas e calças de ganga

E moro num mar que me sabe de cor...
*

CM
Também sou poeta, cantor e juiz,

Gosto do que entenda fazer-me feliz,

"Vivo na montanha, no interior"!
*


Mª João Brito de Sousa

28.09.2022 - 21.05h
***

 

 

 

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