AINDA A VIDA
AINDA A VIDA
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Fosse este ainda o tempo em que eu sentia
Que, tal como essa flor, desabrochava
Da aridez de uma pedra nua e fria
Que, em troca, não me dava quase nada...
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Mas não. É outro o tempo e a cada dia
Me descubro mais murcha e mais frustrada;
Não sei sonhar se vivo em agonia,
Nem florescer assim, estando vendada.
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Nada invejo, porém. Estou velha e gasta,
Mas ver-te, flor rebelde, é quanto basta
Para saber que a vida vale a pena.
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Da nudez do granito, pura e casta,
És grito a despontar na escarpa vasta,
Na rua ou na viela mais pequena.
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Maria João Brito de Sousa – 20.01.20- 12.00h
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NOTA - Soneto escrito para um desafio poético lançado pelo "site" Horizontes da Poesia. Também a imagem foi retirada do desafio desta semana.