ABRE OS BRAÇOS À VIDA!
ABRE OS BRAÇOS À VIDA
*
Abre os braços à vida, besta louca,
Besta da forte chama que arde em mim,
Consegue-me mais tempo antes do fim
Daquilo que sei ser; humana e pouca!
*
Devolve-me a revolta em mar convulso,
Envolve-me em calor, em força ardente,
Firma na minha mão, neste meu pulso,
Glórias, como se fosse antigamente!
*
Hera, não mais serei, evoco Marte,
Irei buscar Neptuno às profundezas,
Já que a Terra ameaça em toda a parte,
Kafkiana de inocência e de certezas.
*
Lacónico, este chão que piso e que amo,
Mede-me a cada passo que não dei,
Nenhum tempo concede ao que reclamo,
Oprime ao repetir-me o que já sei.
*
Passado não me falta. Só futuro.
Qual futuro?, pergunta-me a razão
Rindo de mim, do nada que procuro;
Sombras de mim, da antiga dimensão...
*
Tomba um entardecer como os demais,
Urdo, eu, um novo sonho amanhecendo,
Vibra ainda uma corda, um eco, uns ais
Wagnerianos, frágeis no crescendo,
*
Xaroposos, venais, enjoativos...
Yolo!, * grita-me o mar ao descobrir-me,
Zero!, mostra-me a Terra, que é dos vivos.
*
Maria João Brito de Sousa – 04.03.2020 – 14.29h
*
- Yolo – sigla internacionalmente reconhecida que
- significa “You only live once” – Só se vive uma vez
- *
Inspirado pelos poemas "Quadro Para a Vida", de Joaquim Sustelo, e no "Zelo Ansiosa Por Cada Olhar Teu", de MEA - Maria da Encarnação Alexandre.
Tela- "NU AZUL" de Pablo Picasso