A "SOIRÉE"
Imagem retirada daqui
A "SOIRÉE"
*
Não tenho tempo para não ter tempo
Que enquanto crio o tempo cristaliza
E o ponteiro das horas mal desliza
No eterno mostrador do pensamento.
*
Desse não-tempo retiro o sustento
E dessa ausência estática, concisa,
Ressurge a musa etérea, essa indecisa
Que viaja em rajadas, como o vento.
*
Outro cenário emerge. O novo palco,
Que afinal é o mesmo... ou já não é?,
Faz-se expressão de um mundo que decalco
*
De um sargaço ao sabor de uma maré;
Talvez seja outra onda o que recalco
Enquanto o mar encena esta "soirée".
*
Maria João Brito de Sousa - 09.10.2020 - 18.24h
*
Soneto inspirado numa crónica/poética de MEA (Maria da Encarnação Alexandre)