16
Ago18
A SEU TEMPO
Maria João Brito de Sousa
A SEU TEMPO
*
Hoje não escrevo, não, que, se escrevesse
Decerto solitária ficaria
E já basta da dor que não se esquece,
E já sobra de um espinho o que eu não queria.
*
Hoje não escrevo porque, se o fizesse,
Nem a palavra exacta encontraria
Por muito que a buscasse, ou recorresse
Ao truque de a grafar de alma vazia.
*
Mas... agora reparo que aqui deixo
Palavras que concebo sobre um eixo
Melódico e ritmado quanto baste.
*
Grafei-as quase, quase sem notar,
Assim que as vi maduras a tombar,
A seu tempo, uma a uma, haste por haste.
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Maria João Brito de Sousa – 15.08.2018 – 17.46h