A MORTE DO BAOBÁ
Soneto criado a partir do último verso do soneto ÁGUAS DE INVERNO
da autoria de MEA - Maria da Encarnação Alexandre
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A MORTE DO BAOBÁ
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"Enquanto no tempo a vida se desfolha"
Eu tento reter umas quantas folhinhas
Escondendo-as do vento pra que mas não colha
Ou gritando ao Tempo que são muito minhas
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Em vão me debato que não tenho escolha:
Uma a uma as perco, todinhas, todinhas,
Pró vento que sopra, prá chuva que as molha,
Pró solo onde morrem encarquilhadinhas
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E quando de todo estiver desnudada
De frutos e folhas, sem seiva, sem nada,
Saberei que a hora que tanto evitei
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Chegou finalmente. De mim sobrará
Um tronco sem vida e eu, Baobá,
Não mais nas savanas sem fim reinarei.
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Mª João Brito de Sousa
18.04.2025 - 23.45h
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