10
Ago18
A MÃO QUE A CHAMA ATEIA
Maria João Brito de Sousa
A MÃO QUE A CHAMA ATEIA
*
A mão que lança a chama, à chama torna
E tarde ou cedo se renova o gesto
Com o qual estranhamente a si se adorna
Do desprezo que nutre pelo resto
*
Contempla toda a serra que a contorna,
Observa a dor causada, ouve o protesto,
Crê ver-se ao espelho e quando a cinza amorna,
Retoma o gesto por qualquer pretexto.
*
Cada imagem filmada, cada grito,
Cada ser acossado, preso, aflito,
Vem garantir-lhe a glória de quem pode.
*
Assim se delineia a mão que ateia,
A mão que nunca pensa nem refreia
A compulsão que em si se acende e explode.
*
Maria João Brito de Sousa – 08.08.2018 – 11.33h