À FLOR DO NOSSO ESPANTO - Reedição
Fotografia de Luís Raimundo Rodrigues
*
À FLOR DO NOSSO ESPANTO
*
"Numa brisa soprada pelo vento",
Nas asas de uma pomba que esvoaça,
Deponho uma centelha - só! - da graça
Que às musas concedeu algum talento
*
E a minha que, privada de alimento,
Murchando se enrugara como passa,
Vai retomando, ao vê-la, a antiga traça
E de novo recobra algum alento
*
Voemos pois ainda que pousados
No maltratado chão dos nossos fados
Ou na magoada voz do nosso canto
*
Voemos tal e qual bichos alados
Sobre as montanhas ou rasando os prados
Que irão nascendo à flor do nosso espanto.
*
Mª João Brito de Sousa
13.12.2022 - 10.40h
***
Soneto concebido a partir do último verso do soneto "A Voar" do poeta Custódio Montes.