À AMIZADE EM TEMPOS DE LOUCURA - Reedição
À AMIZADE EM TEMPOS DE LOUCURA
*
Eu não comungo, não, dessa vontade
(há nervos de papel no meu sentir...)
E não sei que remédio ou que elixir
Possa vir a curar-te essa ansiedade,
*
Mas nasce-me uma ponta de saudade
Dos tempos do café, desse ir e vir
Que urdia a nossa forma de existir
Pr`além além da costumeira intimidade
*
Das cartas que jogámos, altas horas,
Das confissões totais, que nunca temo,
Dos psicoterapeutas, da ternura,
*
Das noites acordadas, das demoras,
Desse sentir-demais levado ao extremo
Duma amizade em tempos de loucura.
*
Maria João Brito de Sousa
Outubro, 2009
*
(Soneto espístolográfico em decassílabo heróico)
*
Tela de F. Botero