Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
10
Out08

A RAIZ DAS ALGAS I e II

Maria João Brito de Sousa

A RAIZ DAS ALGAS

*

I

*

Tempos houve em que o mar batia às portas

De cada um de nós, como quem pede,

E cada um de nós lançava a rede

Antes que o sol nascesse, a horas mortas

*

 

Tempos houve em que o mar nos oferecia

Caminhos sem ter fim, novas fronteiras...

O mesmo mar das ondas altaneiras,

Do sal, das rochas com cheiro a maresia...

 *

Tempos houve em que o mestre nos falava

Do mito: a caravela que cruzava

As águas desses mares ditos só nossos

 *

Depois crescemos... Nunca o mar mudou,

Foi o adulto em nós que duvidou

E em vez de caravela achou destroços.

Mª João Brito de Sousa 

II

 

Caravelas de luz! O mundo é breve

Ao preço ocasional da fama e glória!

Assim nos diz o Tempo e reza a História

De quanta fama e glória a Nação teve...

O berço dos Poetas, das conquistas,

Desse, então, estranho mundo à descoberta

De quem parte e só volta à hora incerta

Dos que vivem de sonhos saudosistas...

 *

Assim se entrega o luso ao Mar, que aceita

E lhe promete amplexos de sereias

Em vez do medo ao velho Adamastor

*

 

E é da raiz das algas que ele se enfeita

Na vastidão das ondas, nas areias

E onde engendre ilusões de eterno amor.

 *

 

Maria João Brito de Sousa

19.10.2008

 

 

 

 

Nota - Reeditado e reformulado a 09.10.2012

 

07
Set08

O PALÁCIO DE SAL

Maria João Brito de Sousa

 

praia-do-dafundo-2.jpg

 

Ó meu palácio líquido e imenso

De torreões de espuma imaculada,

Todo bordado em renda recortada

Sobre esse fundo de um azul intenso,

 

Nas muralhas instáveis que condenso

Na imagem recorrente que, inspirada

Me surge deste olhar-te e estar calada

Na profunda atenção que te dispenso,

 

És berço de sereias e tritões,

A estranha fauna desse imaginário

Eterno e colectivo ou irreal

 

Que habitas para além desses portões

Que invento para ti, ó meu sacrário

Feito de sonhos e de água com sal.

 

 

Maria João Brito de Sousa - Verão 2008

 

(Imagem retirada da Internet)

 

(Revisto)

 

07
Set08

O ABRAÇO

Maria João Brito de Sousa

Ó lusitano mar de quem herdei

As veias dos poemas que te faço,

Eu venho-me entregar ao teu abraço

Pela mão de um soneto que criei

 

E tu, em cujo seio eu engendrei

A voz que trará vida ao meu cansaço,

Repara nestas linhas que te traço

E aceita, inteira, a vida que te dei...

 

Eu sou quem te levou a outras raças,

Quem de ti fez cavalo que galopa,

Quem ouve os mil segredos que revelas...

 

Eu sou a terra-mãe que tu abraças

Num ponto ocidental da velha Europa

E a nação que te encheu de caravelas!

 

(Imagem retirada da internet)

 

NOTA DE RODAPÉ -Um dos sonetos com que concorri aos Jogos Florais que não ganhei

 

 

25
Ago08

AZUL MARINHO

Maria João Brito de Sousa

 

Não me quero da cor que em mim pintais!

Só me quero da cor que o mar me pinta

Numa paleta mágica de tinta

Nestas horas azuis e matinais!

 

Não me vejo na cor com que me olhais!

Só me vejo na cor em que me sinta

Nos cambiantes de azul que o mar consinta

Em "dégradés" perfeitos, casuais...

 

Na paleta do mar é que me espelho

(e nela me revejo e me aconselho...)

Nos cinzentos-azuis de um sol nascente...

 

O mar é quem me pinta e nele me encontro

E renasço da cor desse confronto

Entre esse azul marinho e toda a gente!

 

Escrito no comboio, hoje, às 7.00h

 

Imagem retirada da internet

20
Ago08

CADÊNCIA PENDULAR

Maria João Brito de Sousa

 

Um poente debrua a ferro e fogo

A linha horizontal do fim do mar

E retoma um percurso milenar

Pois pára de o bordar e volta logo.

 

A sua condição, que não revogo,

Impõe-me uma cadência pendular;

Deste lado, onde o Sol vem pernoitar,

Preguiça o mar imenso em que me afogo,

 

Do outro, aonde o Sol vai renascer,

Surge uma luz difusa, num crescendo,

Ressuscitam palavras entre os vivos

 

E recomeça a vida em cada ser...

Quanto a mim, que só disso vou vivendo,

Coube-me descrevê-lo, entre adjectivos...

 

 

Fotografia tirada por mim a uma flor de bananeira

14
Ago08

HÁ MAR E MAR...

Maria João Brito de Sousa

 

Tão poucas! Quão pouquíssimas verdades

São, afinal, cumpridas neste mundo!

Mergulho no meu mar, alcanço o fundo...

Eu quero lá saber de falsidades!

 

Mas sendo humana, enfim, preciso de ar...

Emirjo do meu mar, venho ao de cima

E nesse hausto profundo que me anima,

Abro os olhos e alcanço vislumbrar

 

A estranha arquitectura de outro império

E ao ver, ao longe, erguer-se um mundo "a sério",

Desponta em mim alguma indecisão;

 

Vou para terra e sou como os demais,

Ou mergulho nas águas virtuais

E enfrento a minha própria imensidão?

 

Maria João Brito de Sousa - 14.08.2008 - 14.50 h

 

 

Imagem retirada da Internet

 

22
Abr08

EU, O MAR

Maria João Brito de Sousa

Tantos anos vivi que sei de cor

As pétalas, ao tempo, a rota, à lua,

À montanha abissal, a ruga crua,

Os bocejos, ao sol... seja o que for!

 

Evoco mil marés em que desenho,

Nas rochas e na areia, o meu sentir;

Renovo o que teci neste ir e vir,

Ora sorrindo, ora franzindo o cenho...

 

Sou quase intemporal! Semeio vida

Por essa terra virgem, desnudada,

Que foi minha mulher desde o começo,

 

A minha terna amante, a preferida...

Eu, líquido caminho, infinda estrada

Que vós desconheceis, mas que eu conheço!

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 22.04.2008 - 13.03h

 

Fotografia - "A Tecedeira de Barcas", 76x64cm, Pastel de Óleo sobre

                   Papel Fabriano montado em tela, M. João Brito de Sousa, 2006

15
Mar08

THE SUICIDE OF THE PINK WHALE

Maria João Brito de Sousa

Ontem eu tive um sonho, um sonho breve...

Caminhava no mar e de mãos dadas

Com peixes e sereias, nas coutadas

De quem preda no mar o que ao mar deve...

.

Vi um Golfinho-Azul que estava triste

E, ao largo, uma Baleia-Cor-de-Rosa

Boiava sobre o mar quando esp`rançosa

A chamei e lhe disse:- Deus existe!

.

A pobre da baleia assassinada

Acordou, respirou, pôs-se a nadar

E o mar ficou mais vivo e mais contente...

.

Que pena ser só sonho! Eu nem fiz nada

E o homem nunca aprende a respeitar

A vida que há no  mar que lha consente...

.

14.03.08 - 14.00h

(A ir para o hospital...)

29
Jan08

UMA LUZ NO FUNDO DO MAR

Maria João Brito de Sousa

 

UMA LUZ NO FUNDO DO MAR

*

 

 

Meu castelo de sal em lua-cheia,

A renda que debrua as tuas vagas

E pontilha de branco as duras fragas,

Vem, às vezes, lançar-me, sobre a areia,

*

 

Gotinhas desse mar que bebo à ceia...

De ti, mar, que fugias e voltavas

Nas ondas que obedecem como escravas

Aos mais fúteis caprichos das sereias.

 

*

 

Assim, singro este mar que me conduz

À nascente de mim no infinito

E a templos de água e sal sobre ilusões.

*

 

Fala-me, essoutro abismo, doutra luz

E eu, quando oiço o mar, quase acredito

No mundo imaginário dos tritões.

*

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 29.01.2008 - 16.06h

 

 

 

 

29
Jan08

MEU AMO, O MAR...

Maria João Brito de Sousa

 MEU AMO, O MAR

*

 

 

Meu amo e meu senhor das ondas bravas,

Dos líquidos abismos insondáveis,

Que prometendo amor`s inconfessáveis

Me vão trazendo as horas como escravas,

*

 

Meu senhor das marés, o que me davas

Se obedecesse a apelos impensáveis

Das ondas que parecem sempre amáveis?

Também a mim, será que me afundavas?

*

  

Ó mar das profundezas ilusórias,

Como entregar-me a ti se tão bem sei

Que essas tuas promessas são traidoras?

*

 

 

E  surgem, de repente, estas memórias

Dos medos ancestrais que ainda herdei

De quantos te entregaram suas horas...

*

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 29.01.2008 - 10.58h

 

 

 

23
Jan08

A SEDUÇÃO

Maria João Brito de Sousa

 A SEDUÇÃO

 

 

O mar tem tantos truques, tal poder,

Pra nos prender a vida e fascinar

Que parece mais homem do que mar,

Quando seduz e encanta uma mulher.

 

 

Mas o mar não rejeita quando quer!

Se um dia nos deixamos encantar

Sabemos ser cativo esse lugar

Que o mar tem pronto pra nos oferecer.

 

 

Depois da sedução estar consumada,

É tudo para a vida e para a morte

E não há volta a dar, o mal está feito,

 

 

Porque não há retorno, não há nada

Que possa libertar-nos dessa sorte,

Se um dia adormecermos no seu leito.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 23.01.2008 - 14.46h

23
Jan08

SONETOS DO MAR

Maria João Brito de Sousa

A Primavera está a chegar e, com ela, veio-me esta vontadezinha de escrever sobre o mar...

Afinal eu, cidadã do mundo, sempre vivi aqui, exactamente na zona litoral que define a linha onde o Tejo e o Atlântico se encontram.

Em Algés, cresci até à adolescência, na Rua Luís de Camões, numa casa que ainda hoje existe e está assinalada com uma pequena placa que homenageia o nascimento do malogrado Amaro da Costa, cujo pai era um grande amigo do meu avô, o Poeta António de Sousa, de quem, mais tarde vos tenciono falar.

A minha primeira casa enquanto "pessoa crescida" foi em Paço de Arcos, mesmo junto à estação da CP, na rua Carlos Luz.

Agora vivo há trinta e seis anos em Oeiras, na Quinta das Palmeiras e tenho a certeza que não saberia viver fisicamente longe daqui.

Por isso aqui vai a minha:

 

ONDAS.jpg

 

 

 

 A JUSTIFICAÇÃO DO MAR

*

 

 

Serei, na (in)completude dos gentios,

Quem de ti fez o berço original,

Quem te encheu da grandeza natural

De invernos, dos agrestes, e de estios;

*

 

Sou quem te enfeita de ilhas e baixios,

Quem te cava esse leito de água e sal,

Quem te cobre de bancos de coral,

Quem te devolve a água dos seus rios

*

 

E sou quem te deu essa imensidão

Das coisas que mal sabes desvendar,

Quem cresce ao renovar-te e quem te fez,

*

 

Eu, a VONTADE (sempre em gestação)

De me expandir, de me multiplicar;

A força adivinhas mas não vês!

 

 

Maria João Brito de Sousa - 23.01.2008

 

 

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!