Maria João Brito de Sousa
Que culpa tinha ele da sua dor
Sem medida, nem fundo ou amplitude?
Que culpa, a dessas asas de condor
Em constante mudança de atitude?
Que culpa tinha o mar da sua cor?
Que culpa tinha a Culpa se a Virtude
Se culpava a si própria e, nesse ardor,
Mostrava quanto dela nos ilude?
Mais tarde serenou, calou bem fundo
As paixões funcionais que convocara
E encomendou ao Tempo a sua cura.
Sobreviveu culpando meio mundo
Por cada cicatriz que lhe ficara
De um tempo em que essa dor fora mais dura…
Maria João Brito de Sousa
publicado às 15:31
Maria João Brito de Sousa
Que pássaro voou? Que lume acende,
Neste terreno palco, uma vontade
Que não desiste nunca e se não rende
Enquanto não alcança a liberdade?
Que absurdo gesto nega e se não vende,
Que lágrima a sulcar-me esta saudade
Me traz quanta vontade aqui me prende?
E quem me diz a mim que isto é verdade?
Foi a asa de um anjo imperativo
Que, apontando este espaço onde me vivo,
Me pediu para olhá-lo desde os céus,
Ou o fruto de um ovo, aceso em chamas,
Trocando as tibiezas que proclamas
Por quanto eu não conheço e chamo Deus?
Maria João Brito de Sousa
publicado às 17:00
Maria João Brito de Sousa
Se eles sabiam do mel que tu coavas
Nos palácios das doces fantasias
Que construías, mas nunca habitavas,
Nem nas mais improváveis invernias…
Se eles sabiam… sabiam! Tu sonhavas,
Coando o mel que nunca provarias
Pois, dos favos etéreos que moldavas,
Nenhum seria teu, bem o sabias…
Coavas por coar. Outros viriam
Roer as malhas vivas que entendiam
Poder saborear quando chegasse
O tempo da colheita que fariam
Com as mãos inocentes que teriam
Se um futuro menor lhas não negasse…
Maria João Brito de Sousa – 26.05.2011 – 23.44h
IMAGEM RETIRADA DA INTERNET
publicado às 12:00
Maria João Brito de Sousa
Quando o sol vem mostrar que bem-me-quer,
Tal como quer aos melros e pardais,
Respondo-lhe que o quero ainda mais,
Que, às vezes, sou mais ave que mulher…
Mas, se uma lua cheia acontecer,
Redonda em seus abraços vesperais,
Aceno-lhe a sorrir, faço sinais
Para que ela, ao espreitar, me possa ver…
Tão ave quanto as aves, mas sem asas,
Fico a vê-las voar por sobre as casas
Enquanto estes dois astros, impassíveis,
Iluminando todos por igual,
Não diferenciam homem de animal,
Nem cuidam quais banais, quais intangíveis…
Maria João Brito de Sousa – 19.05.2011 – 10.05h
publicado às 14:26
Maria João Brito de Sousa
Morderei todo aquele que me morder!
Sou bicho que ninguém domesticou,
Que invadiu, doa lá a quem doer,
História(s) da Vida que ninguém contou.
Meu ideal? Tão só sobreviver
Neste astro azul que o homem dominou
Porque tudo o que faz – ou quer fazer… -
É sobrepor-se a excessos que engendrou
E, no entanto, também eu sou vida,
Exactamente como ele sempre o foi
Desde o momento exacto em que sentiu
Que aquilo a que aspirava, na subida,
Era ao protagonismo de um herói
Que a própria natureza desmentiu…
Maria João Brito de Sousa
IMAGEM RETIRADA DA INTERNET
publicado às 17:08
Maria João Brito de Sousa
Solitário nasceu e há-de morrer
Poeta que é poeta a tempo inteiro!
Bem soube que nasceu para escrever,
Nunca o fez pr`a mostrar-se ou ter dinheiro...
Poeta é mesmo assim! O seu dever
Foi ser em plena essência, verdadeiro,
Esquecido de si mesmo ao transcender
Fronteiras deste humano cativeiro…
Poeta... este ousou sê-lo e nem par`cer;
Negando o que outros dizem dar prazer
Abraçou, despojado, a fantasia,
E deu-se por inteiro. E nem sequer
Hesitou, recuou, parou pr`a ver
Aonde é que o levava a Poesia...
Maria João Brito de Sousa – 22.03.2011 – 18.46h
Ao meu avô, António de Sousa. Poeta.
NOTA - Soneto reformulado a 22.10.2015
http://www.raizonline.com/radio/ Oiça, esta noite, entre as as 22 e as 24.00h - hora de Portugal Continental - o programa
SABOREANDO, de Joaquim Sustelo
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A pequena Carolina Lucas precisa de garantir a continuidade dos seus tratamentos, em Cuba. Uma boa maneira de colaborarmos será visitar o link do seu BAZAR e comprar umas rifas... vamos a isso?
... e, a seguir, oiça o OUVINDO A MAGDA no http://www.raizonline.com/radio/
publicado às 11:41
Maria João Brito de Sousa
“Depois de antes de mim… estarei por cá!”
E sublinhava a frase com risadas,
Desfazendo-se toda em gargalhadas,
Mostrando não cuidar do que não há…
Soprava um beijo a rir, como quem dá
Riquezas das que são mais cobiçadas
E fugia de nós subindo escadas
Inventadas por ela e por… sei lá!
Sumindo-se na tarde incandescente,
A cada pôr-do-sol, corria, urgente,
Depois de nos deixar num alvoroço…
Certa tarde chegou quase à tangente
E, sorrindo pr`a nós, disse, inocente:
“- Brincamos amanhã, depois d` almoço!”
Maria João Brito de Sousa – 16.02.2011 – 20.02h
ESTA NOITE;
Música e Letra por Liliana Josué na Rádio Raizonline Horário: Sextas feiras das 21horas às 23 horas Titulo do programa: Música e Letra Apresentadora: Liliana Josué
E, NO FIM DE SEMANA, VÁ AO http://www.carolinalucas.com/bazar :)
BOAS COMPRAS!
publicado às 11:48
Maria João Brito de Sousa
Falta-me outro luar que mal recordo
Mas vem iluminar, de vez em quando,
Essas noites de insónia em que eu acordo
Porque nem a mim mesma me comando…
Tu dizes que é tolice e eu concordo
Mas que posso fazer se em nada mando?
Se nem desta maçã, que agora mordo,
Serei mais do que quem a vai trincando?
Falta-me outro luar inexplicável,
Mais branco do que o posso descrever,
De uma brancura quase intolerável
Num silêncio pesado, inominável
Que nunca mais me deixará esquecer
Que mesmo ao que não há sou vulnerável…
Maria João Brito de Sousa
publicado às 14:49
Maria João Brito de Sousa
Às vezes digo aquilo que não devo
Mas mesmo não devendo eu vou dizer
Que por muito que seja o que aqui escrevo
Ficam-me sempre coisas por escrever…
Poderia tentar, mas não me atrevo
E fico por aqui, porque o dever
Me faz calar o que comigo levo
E transformar em gesto o que disser…
Assim nasce a pintura numa tela
E nisto transfiguro o que não digo
Do que sinto por dentro e me transcende…
Poderei sempre conversar com ela
E gravar nela as metas que persigo
Porque é sempre uma tela quem me entende…
Maria João Brito de Sousa
publicado às 14:32
Maria João Brito de Sousa
Lágrimas dos teus olhos imploravam
Outros olhos que olhassem para ti,
Que vissem esses teus tal qual os vi,
Afogados na água em que boiavam…
Vi nos teus cegos olhos que choravam
As águas desse rio que não esqueci
Mas a salvá-los não me permiti
Pois não era por mim que se afogavam
E foi essa a razão que me impediu
De resgatar teus olhos desse rio
Que deles corria em estranho sobressalto,
De banhar-me na dor que deles fluiu
Só pr`a que nunca mais tivesses frio,
Para que alguém te olhasse enquanto eu falto…
Maria João Brito de Sousa – 29.01.2011 – 02.59h
publicado às 11:18
Maria João Brito de Sousa
Num só poema escrito com paixão,
Num só verso que nasça cá de dentro,
Numa frase qualquer que uma emoção
Tornou grafismo e foi gritada ao vento,
No estranho dedilhar desta tensão
Na grafia em que sou o que me invento,
Nesta sempre imparável compulsão
Em que me não sei dar, mas sempre tento,
Nos instantes ferozes e selvagens
Da magia insondável das imagens,
No aço laminado de um segundo
Em que me encontro além do infinito
E me esvazio toda num só grito…
Eu sou pr`além de mim; sou todo um mundo!
Maria João Brito de Sousa – 05.03.2011 – 17.30h
http://www.raizonline.com/radio/ É já amanhã, entre as 21 eas 23.00h, A LETRA E A MÚSICA com LILIANA JOSUÉ.
Carregue no link acima e tenha uma boa noite de Poesia!
publicado às 11:55
Maria João Brito de Sousa
Se o mundo me aceitar… fico por cá!
Neste universo errático, imparável,
Ser pouco mais que nada é reprovável
E eu sou bem pouco mais que o que não há…
Mas se, nas voltas que o planeta dá,
Me puder mostrar útil, agradável,
Se nada aqui fizer de condenável,
Quem sabe se este não se tornará
O meu pousio possível e provável,
O local ideal [… ou ideável?]
Para abrigar o nada que aqui sou
Ou mesmo pr`a tornar-me inabalável,
Um ente c`o poder incontestável
De se cumprir tal qual se idealizou?
Maria João Brito de Sousa – 08.03.2011 – 14.03h
publicado às 12:25