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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
11
Jan11

TODA E QUALQUER PALAVRA

Maria João Brito de Sousa

 

Hoje qualquer palavra serviria,

Desde que desvendasse a compulsão.

Qualquer uma, do “sim” até ao “não”,

Mesmo a contradição de uma ironia

 

Me faria tão bem, me encantaria

Bem mais do que uma alegre ilustração,

Mais, nesta minha humana dimensão,

Do que a sublime essência da alegria!

 

Palavras, só palavras me acorrentam

Aos universos que elas representam

Quando nelas alcanço esse seu céu,

 

Porque só as palavras me contentam,

Só elas me conhecem quando tentam

Prender-me a este estranho encanto meu.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 10.01.2011– 19.05h

10
Jan11

OUTRAS JANEIRAS

Maria João Brito de Sousa

 

Sobre tantos Janeiros de  nós dois,

Cansou-se a velha lua de sonhar

E, em se indo deitar, surgiu, depois,

Um sol que só nasceu pr`a vir espreitar…

 

 

Se, em cantando as Janeiras, tu me dóis,

Se me dóis mais ainda ao não cantar,

Que fazer se, por ti, me nascem sóis,

Se, enquanto me doeres, irão voltar?

 

 

Não cantaste as Janeiras… que me importa

Se, amanhã, me vieres bater à porta

Por sentires o vazio de uma saudade?

 

 

Olho o céu de Janeiro e fico absorta;

Nem uma estrela brilha, viva ou morta,

E quanto o céu promete é tempestade…

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa- 10.01,2011 - 11.57h

 

 

Imagem retirada da internet

07
Jan11

A FORTALEZA

Maria João Brito de Sousa

 

Cobriram-me de pétalas de rosa

E deram-me o plural das transparências;

Inexpugnável fui, nas aparências,

Qual “persona non grata”, mas famosa,

 

 

Apenas por escrever poema e prosa

E por não ter temido as divergências,

Mas calam-se-me as mãos e, toda ausências,

Já seiva alguma faz de mim viçosa…

 

 

Do que de mim guardei, pouco mais dou;

Devolvo-vos a rosa, enquanto vou

Subindo a fortaleza inacabada

 

 

Que também passará, como passou

A força que a subida me roubou

Mas que aqui permanece bem guardada.

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 05.01.2010 – 18.45h

 

06
Jan11

PEQUENOS PARAÍSOS E GRANDES INEVITABILIDADES

Maria João Brito de Sousa

 

Num lago pequenino e debruado

Por azedas e trevos, como tantos,

Demorava-se o sol, preso aos encantos

Deste meu paraíso recriado

 

 

E, querendo-se deitar, por estar cansado

De aquecer, deste lado, os verdes mantos,

Olhando este meu lago, outros quebrantos

O fizeram esquecer o outro lado.

 

 

“Metáforas… só isso!” - direi eu,

Depois, ao constatar que o sol desceu

Sem por mim ter esperado um só segundo.

 

 

Com ou sem paraíso, um escuro véu

Cobriu, inteiro, o azul do mesmo céu

Que veste os paraísos  do meu mundo.

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 06.01.2011

 

 

05
Jan11

EM VERDADE VOS DIGO - A wish for the new coming year

Maria João Brito de Sousa

 

Em verdade vos digo, e não repito,

Que o sol não morrerá sem que penseis

Que tudo o que sonhardes é bendito,

Que há vida além do pão que hoje comeis.

 

 

Falo-vos do que aqui vai sendo escrito,

Daquilo de que vós duvidareis

Quando, em urgência extrema, o corpo, aflito,

Vos pedir quanto vós lhe não dareis.

 

 

Em verdade vos peço que luteis

Pelo pão que vos falta (e bem sabeis

que vos falta bem mais que apenas pão),

 

 

Que, em tudo o que fizerdes, procureis

Razões que nem sequer reconheceis

Porque o que mais nos custa é ter razão.

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 02.01.2011 – 15.51h

 

 

 

ANUNCIAÇÃO DO CRISTO AMARELO A PAUL GAUGUIN - Paul Gauguin renunciou a uma vida estável e abastada para se encontrar com a Arte.

Condenado por tudo e todos, só o tempo viria a mostrar o valor do seu trabalho.

04
Jan11

DEPOIS DE UMA ILUSÃO

Maria João Brito de Sousa

 

Depois de uma ilusão… quanta ilusão,

Quantas metas ainda inalcançadas!

Quantas vezes é “sim”, e quantas “não”,

Sob o esforço das mãos já desgastadas?


Quanto trabalho até à remissão

Das negras tatuagens ulceradas,

Quanta fé, quanto amor na confecção

Das coisas que estão sempre inacabadas…


Depois de uma ilusão, resta o que resta

E, desse resto, o tanto que virá

Do muito que sair das nossas mãos…


E que ninguém nos diga: - Isto não presta!

Há sempre alguém que entende o que se dá,

Há sempre alguém que diz: - Somos irmãos!

 

 

 


Maria João Brito de Sousa

 


Ao som de “Todo o Tempo do Mundo”

 

 

IMAGEM - Eu com a avó Alice, mulher do poeta António de Sousa. Esta avó viria a falecer prematuramente, de um súbito agravamento da sua doença de Parkinson, quando eu tinha onze anos de idade.

29
Dez10

RABISCANDO UMAS ASAS DE PAPEL

Maria João Brito de Sousa

 

 

Cada verso me nasce, sem pedir,

Com asas de papel, corpo de chama,

Quando, nele, em voz alta se proclama

Tudo quanto me doa… se o sentir…

 

 

Cada verso que "roubo" é, sem mentir,

Isento de razão, alheio à fama,

Surgindo como a chuva se derrama

Sobre eternas planuras a florir.

 

 

Cada qual se reforça quando afirma

Seu derradeiro apelo à solidão;

Rabisco mal  esboçado, mas urgente

 

 

De quem dispensa um outro que o redima…

Por cada verso, a ponte em suspensão

Entre aquilo que sou e toda a gente…

 

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 29.12.2012 - 14.51h

28
Dez10

O DIA "SIM"

Maria João Brito de Sousa

 

Há dias em que tudo me transcende;

A rota de um cometa, a Terra, o Céu…

[as coisas que aqui vejo, Deus mas deu,

mas só porque, quem sou, logo as entende…]

 

 

Nesses dias, serei quem compreende

Que o mundo, revelado, é todo meu,

Que basta levantar a ponta ao véu

E a chama que há em mim logo se acende…

 

 

Mas se é certo que um dia não são dias,

Que os mais me trazem duras agonias,

São coisas que se esquecem pois virão

 

 

Os que trarão sorrisos, alegrias,

Os do deslumbramento e fantasias;

Há sempre um “dia sim” nas “vidas não”...

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 28.12.2010 -12.09h

27
Dez10

DA INEXPLICABILIDADE DO POEMA

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

PUPPEN THEATER - 1923 – Aguarela sobre fudo de giz sobre dois papéis, debruado a aguarela e pena sobre cartão

Paul Klee

 

 

 

 

Como se me nascessem quando quero,

Como se eu carregasse num botão

E se materializasse a inspiração,

A tal que só me vem quando a não espero...

 

Como se fosse simples! Não tolero

Ser submetida a tanta sujeição!

Mas, se sou eu quem me comanda a mão,

Quem o comanda a ele? E desespero...

 

Mostra vontade própria, esse poema

Que faz o que quer porque nasceu

Do que não sei explicar, desse mistério

 

Que veio não sei de onde e, sem um tema,

Desceu sem me dizer por que cresceu

Tal qual como um ser vivo, sendo etéreo.

 

 

Maria João Brito de Sousa – 23.12.2010 – 17.10h

 

 

 

 

NOTA DE EDIÇÃO - Por esta estrada*, caminha-se para o subtítulo do Poetaporkedeusker, para a minha paralela paixão pela biologia, para o entendimento – ou não… - da abstracção e para todas as inexplicabilidades. Esta foi construída por mim e traz marcadores que são meus, que têm a ver com o percurso que eu escolhi depois da interacção com todas as infinitas variáveis que se me foram apresentando ao longo do caminho… mas é também, de alguma forma, a vossa estrada porque, na sua essência, nos remete, a todos, para a inexplicabilidade, em geral.

Façam favor…

 

 

 

 

*soneto…

 

 

 

 

22
Dez10

PARA ALÉM DA DOR - Humana Condição II

Maria João Brito de Sousa

 

Não escreverei até que as mãos me doam

Pois muito além da dor, ainda escrevo

E, às vezes, digo tudo o que não devo

Que nem deuses, nem o homens me perdoam,

 

 

Mas, se pressinto as rimas que ressoam

E se acaso as alcanço, onde me atrevo,

Prendo-as nas duas mãos que logo elevo

Em estandartes, como aves quando voam.

 

 

São asas transcendentes, vigorosas,

Vermelhas como as pétalas viçosas

Que preferem morrer a ser vencidas

 

 

 

Em estrofes que persistem, que, teimosas,

Brandem espinhos agudos, como as rosas

Que sempre os usarão quando colhidas.

 

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 22.12.2010 – 00.13h

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

http://www.dominiopublico.gov.br/  - Um site que recomendo e que corre o risco de terminar por ter muito poucos visitantes

21
Dez10

A BEM DA VERDADE

Maria João Brito de Sousa

 

Noutro ponto qualquer desta viagem,

Num dia a que não sei dizer o nome,

Encontrarei, talvez, força e coragem

Pr´a negar esta absurda, humana fome.

 

 

Terei, enfim, traçado a minha imagem

E não haverá mundo que me dome

Pois serei, de quem fui, simples miragem

A diluir-se na luz em que se some.

 

 

Será num tempo ainda por chegar,

No desaguar de um rio que ruma ao mar

Na barca destas tábuas que talhei…

 

 

Será onde eu couber, mas há-de ser!

E é tudo o que, pra já, posso dizer

Porque, a bem da verdade, eu nada sei!

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 20.12.2010 – 19.59h

20
Dez10

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XXIV

Maria João Brito de Sousa

 

 

MISTÉRIOS DE TODAS AS POÉTICAS

 

 

Há gotas de suor nos meus sonetos,

Jorrando de outros poros, porque os meus

Não podem entender tantos dialectos

E portam-se, por vezes, como ateus

 

 

Que pasmam só de olhar os riscos pretos

Feitos – quem sabe… - pela mão de Deus,

Destes grafismos estáticos, erectos,

Que descrevem o Mar, a Terra, os Céus…

 

 

Inunda-me, o poema, o corpo inteiro,

Escorrendo como a tinta de um tinteiro

Que outro alguém, derrubando, não quisesse

 

 

Aceitar nas palavras que eu emprego

E, à pressa, derramasse um grito negro

Sobre o que eu escreveria… se pudesse.

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 18.12.2010 – 18.36h

 

 

 

CONDICIONALISMOS, COMODISMOS E RECEIOS, S.A.

 

 

Eu cantaria a rosa que há em mim,

Mas posso muito bem vir-me a esquecer,

Ou mesmo perguntar-me, até ao fim:

- Se um espinho me picar, irá doer?

 

 

Eu cantaria as ervas de um jardim

Até o mundo olhar e entender

Mistérios numa haste de alecrim...

Mas se ele for cego e nunca o puder ver?

 

 

Há preconceitos e receiozinhos

Que vão atando as mãos da minha voz

E que me vão deixando assim, perdida

 

 

Na conjectura de actos comezinhos…

Ficam flores e jardins muito mais sós

E assim se vão as horas de uma vida.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 15.12.2010 – 19.19h

 

 

 

 

 

 

NATAL - Amor, simbolismos e metáforas

 

 

Tão leve é o seu jugo… e já chegou

O tempo de afastar toda a cegueira

Porque o Tempo cresceu, tudo mudou,

Mas nunca foi Natal na Terra inteira.

 

 

Tão suave a sua carga… e demorou,

Como qualquer terrena sementeira,

O tempo necessário, o que bastou,

Pra dar vida ao escondido na poeira.

 

 

Tão ínfimo e tão grande! Que pesada

A mão que desferiu a chicotada,

Qual célula a cumprir suas funções

 

 

Em troca do perdão, na consoada,

Escolhe nascer na mesma humana estrada

Em que, ao morrer, reinou sobre as paixões.

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa– 16.12.2010 - 19.25h

 

 

 

 

 

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