PERCURSO II e III
I
Meu amor de água e sal, quanto eu sonhei
Ter-te só para mim, ter-te só meu!
Sonho de uma menina que cresceu
Assim que a luz chegou e eu acordei...
As asas que cortaste (ou que eu cortei?)
Quando enfim descobri que se perdeu
Essa estranha promessa de Romeu
À Julieta que em mim encontrei...
E o mundo, a vida, as noites acordadas
Usufruindo absurdas madrugadas
Em que te quis e nunca pude achar-te.
Tanta fome de mundo e eu... só sonho!
O cansaço, a rotina, o Mal (medonho!)
Erguendo-se entre nós, sempre a afastar-te...
III (O CAIS)
Há tanto céu em busca de ninguém!
Tanto mar para olhar e ninguém viu
O verdadeiro "Ser" nesse vazio
Do corpo que a nós todos nos contém...
Tanto raio de luz que esse sol tem!
E nem um, de entre vós a descobriu
Nos dias em que tendo fome e frio
Negando a própria luz, disse estar bem...
Mas são memórias, coisas que passaram,
Cicatrizes (mais umas...) que ficaram
Na sede de viver-se e fazer mais.
Já não olha pr`a trás. Em frente há vida.
Trabalha mesmo meia adormecida
Na pedra alucinada do seu cais.